quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A DESIGUALDADE SOCIAL E A ESCALADA DA VIOLÊNCIA NA PERIFERIA DE BELÉM


Nos últimos anos a sociedade assiste estarrecida a escala da violência. A cada nova notÍcia a sensação de desconforto e estranhamento se amplia, o assunto é tratado muitas vezes como se fosse fruto apenas da precariedade do sistema de segurança pública do país, mas não é. Segundo a Organização dos Estados Íbero-Americanos o Brasil é o quarto país mais violento do mundo. Estima-se que o crime mata 45 mil pessoas a cada ano no Brasil.
Para entender melhor o porquê de tanta violência, é preciso conhecer um pouco mais a nossa história. A compreensão das raízes da violência nos remete ao processo de colonização do Brasil, que favoreceu o surgimento de minorias privilegiadas, detentoras da terra e concentradoras de riqueza à custa da exploração do povo. Desse povo que passou a conviver, com disse Ghandi, com a pior forma de violência: a miséria.
E na grande Belém, infelizmente, não é diferente. A cada dia crescem assaltos, arrombamentos, espancamentos, mortes e um sem fim de violências que golpeiam a capital, os interiores do estado e toda a Amazônia. E isso, em grande parte, é fruto das políticas de integração da Amazônia, que começaram a partir da década de 1960. Essas políticas forçaram o êxodo rural de microrregiões vizinhas, como Bragantina, Baixo Tocantins, Marajó, Salgado, entre outras, o que contribuiu significativamente para o aumento populacional e para a crescente demanda de emprego, ocupação e renda, que sobrecarregou a economia da capital paraense.
Para se ter uma idéia, Belém do Pará registrou um crescimento acentuado entre 1960 e 1980, com incremento populacional de 134% alcançando, ao final dos anos 80, a marca de um milhão de habitantes.
Todo esse inchaço populacional resultou numa explosão crescente de miséria e exclusão social que atingiu a população como nunca se vira antes. A fonte da violência está aí, jorrando sem parar e cada vez mais forte. Submetendo milhares de famílias ao pesadelo da indigência, vomitando mendigos, sem-teto, ambulantes crianças e muito mais.
(Texto extraido do informativo Mãe Terra - Comitê Dorothy - Abril de 2008)

Nenhum comentário: