quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

EM MEMÓRIA DE IRMÃ DOROTHY



”Essa é irmã Dorothy, nosso Anjo na Transamazônica” , assim Felício Pontes Jr. apresentou-me Dorothy, era 2004.Há sete anos, um ano depois, num sábado chuvoso, perdi minha amiga querida, meu exemplo maior de amor incondicional pelo próximo tal qual Jesus nos disse no Evangelho.
Pena que tenhamos convivido nesta vida somente um ano, invejo Felício, que ficou mais tempo com ela. Mas nesse um ano aprendi tanto, reformulei velhos valores, mudei minha forma de ver o mundo, libertada do preconceito e do medo.
Impressionante como ela, em vida, parece que lutava sozinha pelos desvalidos, mas depois que se foi (foi?), muitos abraçaram sua causa e prosseguem sua caminhada.
Para nós, seus amigos, ela virou semente…de amor, de dedicação ao próximo e principalmente de esperança num mundo melhor!
Te amo Dorothy!

Mary Cohen, advogada miltante de direitos humanos, em seu mural do facebook.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

SETE ANOS DO MARTÍRIO DA MISSIONÁRIA DOROTHY STANG!
O COMITÊ DOROTHY CELEBRA A MEMÓRIA DE SUA PROFETISA DIZENDO NÃO A TODA AÇÃO QUE PROMOVE A MORTE!



Um altar se esparramou sobre a terra : o colorido das mantas, o verde das folhas de palmeira, as 7 cuias, os 3 barquinhos de miriti, o alguidá com a água perfumada.
Símbolos de memória, de compromisso e denúncia.

No dia 12 de fevereiro, às 10 horas, na Praça da República em Belém,  foi celebrada a memória dos 7 anos de martírio da missionária Dorothy Stang com um Ato político-cultural e uma Celebração Inter-religiosa.
Neste ano, o Comitê Dorothy, dando continuidade à luta e reflexão sobre a defesa da Sagrada Herança, legado deixado por irmã Dorothy, buscou através de cânticos, poesias, coreografia, orações, mística e fala de representantes de entidades civis, religiosas e movimentos sociais, denunciar toda a ação de ameaça e violação à vida do povo, da floresta, dos rios da Amazônia, este ano, principalmente, do RIO XINGU. Mas também, manifestar e alimentar sua esperança no fortalecimento de alianças para combater essas forças destruidoras da vida. Após o ato político-cultural, iniciou-se a celebração inter-religiosa marcada por momentos de emoção e profunda espiritualidade.
Para Rubem Alves "o que a memória ama fica eterno". Vamos eternizar alguns desses momentos.     

Coreografia da canção Pelos Caminhos da América

 "... no centro do continente,
Marcham punhados de gente, com a vitória da mão.
Nos mandam sonhos, cantigas, em nome da liberdade,
Com o fuzil da verdade, combatem firme o dragão".

Oração por Dorothy Stang

Ó Deus de ternura e misericórdia, Senhor da vida e da história, que nos chamaste para a vida plena e nos sustentas em teu amor, suscita em nós um grande amor ao nosso planeta terra e a tudo o que nele vive e respira. Que a exemplo de tua serva Ir. Dorothy Stang, possamos defender a vida ameaçada, cultivar formas de desenvolvimento sustentável, preservar nossos rios e florestas, respeitar a biodiversidade do planeta terra e lutar pela justiça neste chão.Concede-nos a graça de amar sem medida, respeitar a obra criada, promover formas alternativas de educação e forças para resistir na perseguição. Que teu espírito, profecia feita ação, defenda a sagrada herança de Ir. Dorothy, com as armas da Palavra de Deus, munida de ousadia, coragem e determinação e revestida da mística evangélica.  Que Maria, a Mãe dos pobres e nossa mãe, sustente os projetos de desenvolvimento sustentável, e apresente ao seu Filho Jesus, os gemidos e as dores de parto de nossa criação.Isto nós te pedimos ó Deus Pai, por meio de teu Filho Jesus, em comunhão com o Espírito divino, sob o olhar amoroso de Maria. Amém. (Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ)

                                   MÍSTICA DA ÁGUA : momento de oração e bênção 
LOUVADA SEJAM AS ÁGUAS DOS RIOS DA AMAZÔNIA! LOUVADA SEJAM AS ÁGUAS DO RIO XINGU.
ÁGUAS DA TERRA (Luizinho Bastos)

"Água nossa de cada dia, doce salgada, verde azul.
Preciosa, límpida, a saciar nossa sede.
Água nossa, pura, viva; fonte de vida do Planeta Terra.
Seja louvada!
Seja preservada!"


Que a exemplo de tua serva Ir. Dorothy Stang, possamos defender a vida ameaçada, cultivar formas de desenvolvimento sustentável, preservar nossos rios e florestas, respeitar a biodiversidade do planeta terra e lutar pela justiça neste chão.
Concede-nos a graça de amar sem medida, respeitar a obra criada, promover formas alternativas de educação e forças para resistir na perseguição.
Que teu espírito, profecia feita ação, defenda a sagrada herança de Ir. Dorothy, com as armas da Palavra de Deus, munida de ousadia, coragem e determinação e revestida da mística evangélica.
Que Maria, a Mãe dos pobres e nossa mãe, sustente os projetos de desenvolvimento sustentável, e apresente ao seu Filho Jesus, os gemidos e as dores de parto de nossa criação.
Isto nós te pedimos ó Deus Pai, por meio de teu Filho Jesus, em comunhão com o Espírito divino, sob o olhar amoroso de Maria. Amém.(Ir. Zenilda Luzia Petr
Presença do Comitê Xingu Vivo

Poeta Antonio Juraci Siqueira
A poesia: defendendo a vida e a Amazônia.

"Vai depender só de nós,
vai depender só nós"



terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Negado pedido de Vitalmiro Bastos para ser transferido para a Comarca de Altamira

Réu continuará cumprido pena na região metropolitana de Belém

Por maioria de votos, os desembargadores das Câmaras Criminais Reunidas negaram, na sessão desta segunda-feira, 13, pedido de habeas corpus para transferência de Vitalmiro Bastos de Moura da Comarca de Belém para a de Altamira. O réu pretendia cumprir o restante da pena no município onde reside sua família.
Segundo a defesa do réu, que já cumpriu pena de 5 anos e 6 meses e se encontra em regime semi-aberto, teria o direito de cumprir o restante da pena no município de Altamira, onde sua família reside. O pedido foi negado três vezes pelo juiz da Vara de Execuções Penais, sob a alegação de que não havia disponibilidade de vagas na casa penitenciária de Altamira, o que levou a defesa a recorrer ao Tribunal de Justiça.
O relator do feito, o juiz convocado Altemar da Silva Paes, proferiu voto favorável ao pleito, sustentando que o réu tinha direito de ter assistência familiar, o que contribuiria para a reintegração do apenado a sociedade. Mas o desembargador Rômulo Ferreira Nunes divergiu do voto, argumentando não haver certeza se a casa penal de Altamira ofereceria segurança suficiente para abrigá-lo. Já o desembargador Milton Nobre acrescentou que a casa penal atual oferece melhores condições ao réu. O voto divergente foi acompanhado pela maioria dos integrantes das Câmaras.

Histórico - O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura foi condenado a 30 anos de prisão em regime inicialmente fechado, em maio de 2007, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da missionária Dorothy Stang, em fevereiro de 2005.
Extraído de: Tribunal de Justiça do Pará - 13 de Fevereiro de 2012

Posto do Incra na cidade onde Dorothy foi morta está abandonado

13/02/2012-09h01
FELIPE LUCHETEDE SÃO PAULO

Um aviso com tinta já desbotada está afixado na porta do posto do Incra em Anapu (região central do Pará) desde dezembro, anunciando o início das atividades do ano em 23 de janeiro.
Mas ninguém apareceu até hoje por ali, uma área de conflito agrário em que vivem 2.400 famílias assentadas e onde a missionária Dorothy Stang foi assassinada sete anos atrás.

Para ler mais clique no link abaixo.

http://www1.folha.uol.com.br/poder/1047695-posto-do-incra-na-cidade-onde-dorothy-foi-morta-esta-abandonado.shtml

MORRE BISPO DA REFORMA AGRÁRIA

O Comitê Dorothy se solidariza com a Comissão Pastoral da Terra,  neste momento de dor: a morte de Dom Ladislau Biernask nesta segunda dia 13. Que ele seja sempre uma inspiração e motivação para continuarmos lutando pelo sagrado direito à terra.



 Dom Ladislau Biernaski era desses homens apaixonados pela terra. Mãos
calejadas e unhas turvas, seu grande orgulho era mostrar a horta que mantinha no
quintal de sua residência simples na cidade na qual viveu por muitos anos e da qual foi
bispo nos últimos cinco, São José dos Pinhais. Essa paixão pela terra, herdada da
família de imigrantes poloneses, fez com que ele transformasse a terra também numa
causa evangélica e política. Por ela frequentou acampamentos e assentamentos em
nome da Igreja. Muitas vezes deixou mitras e cátedras e foi à praça do povo para
celebrar esse compromisso profético com a justiça. À frente da Comissão Pastoral da
Terra em nível estadual e nacional, e das demais pastorais sociais que acompanhou,
Dom Ladislau foi um amigo e companheiro. Soube como ninguém entender e explicar
a missão pastoral da Igreja dos pobres e por esta clarividência, participou de inúmeras
mobilizações da luta dos pobres paranaenses no campo e na cidade.
Na missa de sua posse, em março de 2007, na nova Diocese, o bispo do povo
declarou que "no âmbito da justiça é que se louva a Deus". Foi essa certeza que o
alimentou em tantos anos de vida e de sacerdócio. Foi ela que o fez recusar os
sacrifícios inocentes ofertados a Deus com o sangue dos trabalhadores e
trabalhadoras. Talvez por isso, sua comovente simplicidade não o tornou perfeito
como homem, mas o fez buscar a justiça como norma. Carregou suas cruzes e
sangrou suas próprias feridas. Em seus olhos inquietos e miúdos sempre pudemos
encontrar aquela inquietude de um ser inacabado. Teve seus erros, seus dramas e
suas noites insones, depois das quais, louvava a Deus com um farto café da manhã
na mesa central de sua sala, para o qual muitas vezes contava com a companhia de
amigos e companheiros de luta. Partilhou o pão, a paixão e os estorvos da luta.
Seu lugar era à mesa dos pobres, como esperança, e às tribunas dos poderes
e das mídias, como advertência. Ouviu com paciência. Amou com radicalidade. Falou
com admirável coragem das causas mais difíceis, cujas feridas ainda sangram na
geografia da nação. Foi padrinho incansável da campanha pelo módulo máximo para a
propriedade da terra no Brasil. Chorou a morte de tantos trabalhadores sem terra país
afora. Denunciou o trabalho escravo. Rezou por suas viúvas e abençoou seus filhos.
Acreditou incansavelmente na agroecologia, na produção sustentável, no respeito
ambiental e no comércio justo. Defendeu a agricultura camponesa com o entusiasmo
que trouxe do berço. Caminhou em romarias e marchas. Deu entrevistas. Falou do
Evangelho com a cativante palavra da esperança e da vida com a evangélica força do
testemunho.
Como tantos outros, Dom Ladislau morreu hoje sem que sua utopia se
realizasse. Mas dizem que a melhor forma de homenagear uma vida que se foi é dar
continuidade aos seus projetos. Essa é a forma como eu e você devemos lembrar este
homem cujo testemunho é, de tão raro, inesquecível; e de tão simples, profético.
Nossa teimosia será sempre uma forma de homenagem. Sua memória um
compromisso com a vida.
*Jelson Oliveira - Coordenador do Curso de Filosofia PUC-PR e agente da CPT Paraná

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012



SETE ANOS DO MARTÍRIO DE DOROTHY: A SAGRADA HERANÇA AMEAÇADA NA AMAZÔNIA COM A CONSTRUÇÃO DE BELO MONTE!

Aproxima-se a data do 7º ano de martírio de Ir. Dorothy Stang.
Continuamos inspirados por sua trajetória.
Continuamos cuidando da SAGRADA HERANÇA deixada por ela.
HERANÇA que sofre constantes ameaças de destruição!
Queremos celebrar a memória de nossa profetisa denunciando e dizendo NÃO a qualquer ameaça à VIDA da floresta, do povo e, este ano, DA VIDA DO RIO XINGU.
Venha defender e multiplicar esta Herança!
Participe da Celebração Inter-religiosa
Local: Praça da República (Espaço do MOVIDA)
Horário: às 10h
Data: 12 de fevereiro de 2012

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

CONDENADO POR MORTE DE MISSIONÁRIA CONTINUARÁ PRESO

Mais uma vez o tribunal nos surpreende. Que continue promovendo a justiça.

Por não constatar elementos que justifiquem a libertação do réu, o desembargador convocado Adilson Vieira Macabu, do Superior Tribunal de Justiça, negou pedido de liminar em Habeas Corpus a Regivaldo Pereira Galvão. Ele foi condenado a 30 anos de reclusão pelo assassinato da religiosa Dorothy Stang, no Pará.
O Tribunal de Justiça do Pará, ao rejeitar a apelação, decretou sua prisão cautelar. A defesa entrou com pedido de Habeas Corpus para que o réu pudesse permanecer em liberdade até o julgamento do último recurso contra a condenação.
De acordo com os advogados, Pereira Galvão estaria sofrendo constrangimento ilegal por falta de fundamentação na prisão cautelar.
Essa não é a primeira vez que o desembargador convocado nega o pedido da defesa. Outra liminar havia sido negada em 10 de novembro de 2011. A defesa apresentou pedido de reconsideração, encaminhado apenas em 20 de dezembro do ano passado, primeiro dia do recesso forense, para a presidência do STJ. A presidência devolveu a matéria para o relator sem decisão.
Segundo Macabu, a justificativa para a cautelar foi que o modo de execução do crime (morte encomendada em troca de dinheiro) revela a periculosidade do réu. “Por sinal, o requerente deixou de apresentar, como deveria, impugnação integral e específica aos fundamentos da decisão atacada”,observou. Além disso, o relator apontou que o Ministério Público Federal opinara pela rejeição do pedido da defesa.
“A conduta praticada, na forma como ocorreu, evidencia a personalidade distorcida do paciente, na medida em que adotou uma atitude covarde e egoísta, empreendida sem que houvesse, a justificar o seu agir, qualquer excludente de criminalidade, de sorte a motivar o gesto extremo de ceifar a vida de um ser humano”, disse o relator. Negado o pedido de reconsideração, o mérito do HC deverá agora ser julgado pela 5ª Turma do STJ.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Seminário Mundial contra Hidrelétrica de Belo Monte & Ocupação do Canteiro de Obras

O Seminário contra a construção da Hidrelétrica de Belo Monte aconteceu na cidade de Altamira, entre os dias 25 e 27 de outubro, com a ocupação do canteiro de obras da Norte Energia no amanhecer do dia 27.
Confira abaixo algumas imagens.

ARBITRARIEDADE DA FUNAI: DEMISSÃO DO CACIQUE MEGARON

O Comitê Dorothy se junta ao povo Kaiapó e exige que seja revogada a portaria que exonerou o cacique Kaiapó Megaron Txucarramãe do cargo em comissão de Coordenador Regional – Coordenadoria Regional de Colíder- MT.

Afirma-se que em uma democracia não há lei que impeça um cidadão demonstrar sua opinião e muito menos ser punido quando faz uso desse direito. Entretanto, na prática, o que vemos é bem diferente.

No último dia 28, o cacique kayapó Megaron Txucarramãe foi demitido sumariamente e sem aviso prévio da coordenação regional da FUNAI de Colider, MT. Sua exoneração foi publicada no Diário Oficial da União, nesta segunda, 31, através de uma portaria com o seguinte comunicado “o diretor de promoção ao desenvolvimento sustentável da fundação nacional do índio – FUNAI, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela Portaria no 719/PRES, de 10 de julho de 2009, publicada no Diário Oficial da União No 132, de 14 de julho de 2009, resolve: No- 55 – Exonerar o servidor MEGARON TXUCARRAMAE, matrícula no 0444614, CPF no 013.015.768-67, do cargo em comissão de Coordenador Regional, código DAS 101.3, da Coordenação Regional de Colíder-MT”.

Considerando que a FUNAI não apresentou nenhuma justificativa para essa decisão, só um motivo pode haver, afirma o cacique Kaiapó Megaron “Com certeza é por causa da minha oposição a Belo Monte e às hidrelétricas do Teles Pires e do Tapajós. Não tem outro motivo. É perseguição política. E eles são tão covardes que não me chamaram para conversar, só recebi a notificação da FUNAI”.    

É absurdamente ilegítima e arbitrária essa postura da FUNAI contra o cacique kaiapó. Em carta enviada ao Ministério da Justiça, nesta terça, 1º de novembro, os Kaiapó afirmam que “Tendo em vista que a FUNAI não apresentou qualquer justificativa para a tomada deste ato extremo, nós, indígenas liderados pelo Cacique Raoni, entendemos que não há motivos para esta decisão, que consideramos arbitrária e contra os princípios do estado democrático. Megaron Txucarramãe vem lutando, há décadas, em defesa do seu povo, de forma digna, sem nunca ter cometido alguma ilegalidade, e sempre respeitado a Constituição Federal”.

Para o povo Kaiapó, a readmissão do cacique é de fundamental importância, por ser ele a pessoa mais empoderada para defender seus direitos e interesses. Para Sheyla Juruna, a decisão da FUNAI é uma retaliação a ocupação do canteiro de obras de Belo Monte em Altamira, na madrugada do dia 27. “É inacreditável que se trate dessa forma, com essa falta de respeito, um cacique e chefe da nação kayapó. Parece vingança mesquinha, é de uma inadmissível falta de compostura e dignidade por parte do governo brasileiro. Esta é a única resposta que ele tem a nos dar quando exigimos nossos direitos constitucionais, jogados no lixo com o projeto de Belo Monte? Acha que com isso desistiremos de lutar? É uma injustiça que me revolta, mas isso só aumenta nossa força de resistência contra  Belo Monte e todas as outras hidrelétricas planejadas na nossa Amazônia”.´

FONTE: Xingu Vivo para Sempre



segunda-feira, 31 de outubro de 2011

CONTINUAMOS LUTANDO CONTRA A BARRAGEM DE BELO MONTE

O Comitê Dorothy participou, em Altamira, nos dias 25, 26 e 27 de Outubro do Seminário Mundial: “Territórios, ambiente e Desenvolvimento na Amazônia: a luta contra os grandes projetos hidrelétricos na bacia do Xingu”. Também estiveram presentes representantes de comunidades ribeirinhas, indígenas, estudantes, sindicalistas, trabalhadores das zonas rurais e urbanas de Altamira. Pessoas de outros Estados das regiões Norte, Sudeste (Movimento “Indignados de Sampa) e do Sul do País. Todos determinados e motivados a continuar nessa luta por não acreditarem e nem se renderem ao discurso oficial, mentiroso “dos benefícios trazidos pela barragem de Belo Monte”.
Em todas as mesas de debate, a resistência e determinação para a continuidade da luta foram elementos recorrentes na fala dos guerreiros indígenas, pescadores, representantes de sindicatos e movimentos sociais. Davi Gavião afirmou “Para mim, as pessoas que estão querendo fazer essas usinas, são uma doença. São um câncer que vai matar o planeta. Nós somos o remédio para essa doença. Sou filho de quem foi impactado por uma usina, a de Tucuruí. Faz 35 anos que nosso povo foi retirado de sua área e até agora estamos lutando por uma indenização. Faz 35 anos! Essa belo Monte vai trazer muitos impactos também.Temos que lutar contra todas as barragens!”.

Também impressionou a garra de Juma Xipaia, liderança indígena Xipaia, uma das etnias afetadas por Belo Monte “Somos guerreiros e não vamos pedir nada ao Governo, mas exigir o que a Constituição nos garante. Nossos antepassados lutaram para que nós estivéssemos aqui. Já foram feitos vários documentos, várias reuniões e nada mudou. As máquinas estão chegando. Continuou Juma, “Belo Monte só vai sair se cruzarmos os braços. Não podemos ficar calados. Temos que berrar e é agora.
O testemunho do pescador, Raimundo Braga Nunes, contagiou e fortaleceu a todos: “Tenho 28 anos de pesca, criei minha família com dignidade. Hoje tenho 47 anos, gostaria que meus netos também pudessem viver dignamente da pesca. Tenho certeza que depois de Belo Monte vou ser obrigado a mudar de trabalho, porque peixe não vai ter. Vai morrer ou vai migrar. Eu não me calo, estou pronto para brigar, preparado. Convido nossos amigos indígenas para somar forças para proteger nosso rio. O Xingu é nosso pai e nossa mãe”.
Para o professor da UFPA. (Campus de Altamira) Marcel Ribeiro Padinha, nesse seminário “A Voz do Xingu, mais autêntica, a de populações simples e íntegras, se fez ecoar para bradar em três dias, em claro e alto som, NÃO QUEREMOS BELO MONTE!”  Cansadas de reuniões, manifestações, caminhadas, essas vozes ocuparam o canteiro de obras da Norte Energia, no km 50 da Transamazônica, no município Vitória do Xingu, na madrugada do dia 27 de outubro. Esse dia, representou e representará um marco na história de luta em defesa da bacia do Xingu. 
Por todo aquele dia, a mística dos que acreditam num projeto sustentável de vida para todas as comunidades originárias da Amazônia, se fez sentir nas danças, nos cantos das comunidades indígenas, nas palavras de ordem dos movimentos sociais, nas paródias dos estudantes.
Depois de 15 horas de ocupação, por ordem da juíza estadual Cristina Collyer Damásio, os manifestantes tiveram que deixar o canteiro de obras. Embora o mandado da juíza estivesse direcionado para todos os manifestantes, o advogado da Nesa e oficial de justiça insistiram para que fosse feita uma apresentação das lideranças. 
O que para o Presidente da Sociedade Paraense de Direitos Humanos, o advogado Marco Apollo Santana Leão, houve uma clara tentativa de criminalização das lideranças.