Os dois fazendeiros eram “sócios” em negócios criminosos no município de Anapu, envolvendo, grilagem de terras públicas, desmatamento e extração ilegal de madeira, trabalho escravo, ameaças e expulsões violentas de posseiros dos Projetos de Desenvolvimento Sustentáveis.
As denúncias de variados crimes praticados por Bida e Regivaldo, nos anos que antecederam ao assassinato da missionária, feitas pela CPT de Anapu, através de Irmã Dorothy, e também pelos movimentos sociais locais, chegaram às autoridades estaduais e federais, resultando em diversas ações do poder público contra os dois fazendeiros. Em junho de 2004, Bida e Regivaldo foram autuados por trabalho escravo no lote 55; em julho também de 2004, a Polícia Federal pede a prisão dos dois por crimes de trabalho escravo, grilagem de terra, formação de quadrilha e porte ilegal de armas; em agosto e novembro do mesmo ano os dois foram multados em 3 milhões de reais pelo IBAMA por desmatamento e queimada ilegais no lote 55.
Tendo seus crimes desvendados e seus interesses econômicos contrariados, pelas denúncias feitas por Dorothy e os movimentos sociais de Anapu, os dois planejaram a morte da missionária: “enquanto não se der um fim nesta mulher nós não vamos ter paz nestas terras em Anapu”, sentenciou Regivaldo a Bida, “Fala com Raifran que se ele quiser tem 50 mil para matar a irmã Dorothy”, foi a ordem dada por Bida através do intermediário Amair. Além de prometer os 50 mil, que seriam pagos por ele e Regivaldo, Bida forneceu a arma, a munição, deu proteção aos criminosos em sua fazenda, orientou-os a sumir com a arma do crime, como fugirem do cerco da polícia e ainda garantiu advogado para defendê-los, sob a condição de que não revelassem o nome dos mandantes.
A CPT, o comitê Dorothy e demais entidades que lutam por justiça no caso Dorothy, alertam a sociedade e o poder judiciário sobre as manobras da defesa dos fazendeiros com o objetivo de protelar os julgamentos e inocentá-los. Aceitar e se submeter a essas manobras faria aumentar ainda mais o descrédito da sociedade no Poder Judiciário.
Prometeram pagar para que Raifran e Clodoaldo assassinassem a religiosa e agora estão pagando para que os executores e intermediário mudem seus depoimentos para inocentar os mandantes. Documentos juntados ao processo comprovam que o DVD usado no último julgamento que absolveu Bida e que foi anulado pelo Tribunal de Justiça por contrariar as provas existentes nos autos, custou 300 mil reais aos mandantes. Podem continuar comprando os assalariados do crime, mas não comprarão a justiça.
O crime contra Dorothy foi premeditado, ficando fartamente comprovada a participação de cada um de forma hierárquica: mandantes, intermediário e executores, cada um cumprindo seu papel na ação criminosa. A condenação de Vitalmiro e Regivaldo é um passo importante no combate à violência e impunidade no campo no Pará, Estado onde 62% dos crimes no campo nas últimas décadas sequer foram investigados e o único mandante condenado, que cumpre pena atrás das grades é Vitalmiro Bastos de Moura, conforme dados da CPT Pará.
Comissão Pastoral da Terra – CPT Pará
Comitê Dorothy
Um comentário:
"Não se pode servir a Deus e ao dinheiro"
Isso vai ter um fim.Justiça!
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