sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

ATO PÚBLICO CONTRA A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

No anfiteatro da Praça da República, em Belém do Pará, no domingo do dia 24 de janeiro deste ano, o Comitê Inter-religioso realizou um Ato Contra a Intolerância Religiosa. Foi uma manhã de intensa espiritualidade e de denúncia, marcada por momentos de mística, de performance, oração, falas de representantes de igrejas cristãs e não cristãs. O poeta popular paraense, Antônio Juraci Siqueira, recitou o poema Tolerância 1000 feito especialmente para esse dia. A ele o nosso respeito e admiração.


TOLERÂNCIA 1000!

Bem vindos! Bem vindos sejam
ao encontro da amizade!
Todos por um, um por todos
em prol da fraternidade.
Que o amor sirva de guia,
gerando paz e harmonia
para toda a humanidade!

Que não exista entre nós
desnecessários duelos:
que todos, índios, caboclos,
negros, brancos e amarelos,
compreendam, finalmente,
que a força de uma corrente
reside na união dos elos!

Sejam nossas diferenças
quais cordas de um violão:
separadas mas coesas
nos acordes da canção.
Que cada um se reflita
no exemplo da própria mão:
cinco dedos desiguais
que juntos trabalham em paz,
unidos na mesma ação!

Seja a nossa tolerância
um elo fundamental
capaz de unir diferenças
em torno de um bem real.
Que cristãos, judeus, budistas,
islamitas e umbandistas
lutem por esse ideal!

Que todos pensem num mundo
mais justo, mais solidário;
que as mãos do amor e da ética
construam um novo cenário
onde o ser suplante o ter
e a paz deixe, enfim, de ser
três letras no dicionário.

Pela cultura da paz
sem olhar crentes e ateus,
pelo fim de tantas guerras
feitas em nome de Deus.
Que as armas da intolerância
da maldade e da arrogância
virem peças de museus!

Contra a discriminação
seja de que tipo for:
quer de opção sexual,
de credo, gênero, cor,
pensamento, ideologia,
modo de vida, etnia...
Todos têm igual valor!

Contra toda intolerância
dirigida à religião
que a Bíblia não é maior
nem menor que o Alcorão
e que o Deus de Ajuricaba,
não é melhor que o de Abraão.
Que a fé que move montanha
jamais sirva de barganha
e instrumento de opressão.

Vamos lutar por um mundo
onde a fé seja capaz
de tornar campos de guerra
em templos de amor e paz
onde Cristo, Maomé,
Ogum, Tupã e Javé
não se façam generais!

Contra todo fanatismo
que no mal finca a raiz.
Que a justiça seja, enfim,
na Terra a força motriz.
Que todos se deem as mãos
como amigos, como irmãos
por um mundo mais feliz!

Antonio Juraci Siqueira

Nenhum comentário: