terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Uma Mulher... Uma Missão neste Chão

Este ano está fazendo 5 anos que a imagem de uma mulher de 73 anos, assassinada e abandonada sobre o barro encharcado pelas chuvas num travessão de ANAPU-Pará, chocou e comoveu o Brasil e o mundo no dia 12 de fevereiro de 2005.

Segundo Lúcio Flávio Pinto, esta cena chocou o mundo:
“Por quatro circunstâncias agravantes no conjunto macabro das mortes por encomenda e da violência em geral que caracteriza o sertão paraense como o mais conflituoso do meio rural brasileiro. Em primeiro lugar, por ser mulher. Em segundo, por ser idosa. Em terceiro, por sua condição de religiosa. E, em quarto, pela dupla nacionalidade, que a manteve como estrangeira. Mas há ainda um quinto fator de comoção humana: a forma da sua execução.” (JP, nº 340, fev 2005)

Essa mulher, para não corrermos o risco de esquecê-la, não só a ela como a sua luta, é a Irmã Dorothy Mae Stang, missionária da Congregação de Notre Dame de Namur. Justo ela, que teve a coragem de sair de sua Pátria para uma terra distante e nessa terra assumir a perigosa missão de defender os direitos de homens, mulheres e crianças pobres, expropriados do seu bem maior – UMA VIDA DIGNA. Entretanto, ao pregar o EVANGELHO DA JUSTIÇA, ela desafiou o poder de um sistema político-econômico excludente, opressor e porque não dizer, assassino.

Coincidentemente, nesse ano de 2005, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs-CONIC realizava a Campanha da Fraternidade SOLIDARIEDADE E PAZ, com o lema FELIZES OS QUE PROMOVEM A PAZ. Uma cruel e infeliz contradição! Ver o sangue derramado, no chão da floresta, de uma mulher que dedicou sua vida para promover a paz, fazendo do seu cotidiano um permanente gesto de fraternidade neste chão da Amazônia.

É, querida irmã Dorothy, profetisa de Anapu, anjo dos povos de nossas florestas, viveste na linha de tiro dos grileiros, madeireiros e fazendeiros. As mãos opressoras e assassinas desses senhores te perseguiram, te caluniaram, mas tu não desististe, e eles também não desistiram. O teu sorriso, o teu amor e o teu ideal incomodavam. Eram mais forte que todas as terras e o lucro por elas gerado, por isso o consórcio foi instaurado, pistoleiros foram contratados. Seis tiros ecoaram no meio da floresta. Atingiram tua cabeça, teu coração e teu ventre. Quiseram assim, neutralizar teu PENSAR, teu SENTIR, teu GERAR, porém não conseguiram. Tu não morreste. Tu vives. Tu és semente brotando, dando flor e frutos no chão de cada um dos que lutam em defesa dos direitos humanos e contra a impunidade.

DOROTHY SEMENTE, DOROTHY PRESENTE!

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